segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sabores de Itacaré: Aulas Show valorizam produtos locais e agricultura familiar

Lançado oficialmente na noite desta quinta-feira, 11, o Festival Gastronômico Sabores de Itacaré, no sul baiano, começou atraindo turistas e profissionais dos setores de alimentos e bebidas e turismo à Passarela da Vila, no centro da cidade, onde foi realizada a abertura do evento. Ao todo, 37 estabelecimentos participam do festival, oferecendo, a depender de sua especialidade, prato principal, sobremesa ou petisco. Em paralelo, em palco montado na Passarela da Vila, há uma programação de aulas-show temáticas, com a participação de 10 chefs renomados que atuam na Bahia e no Brasil, convidados pela curadora do evento, a chef Rosa Gonçalves, fundadora da escola de culinária que leva seu nome e pesquisadora de gastronomia com ênfase em ingredientes regionais. “A escolha dos chefs que viriam para o festival de Itacaré teve como critério uma proposta de trabalho nossa: de pesquisa, resgate da gastronomia de raiz; dos ingredientes, dos pratos que estão esquecidos; e da agricultura familiar, da pesca artesanal, do pequeno produtor de alimentos. Chefs que estejam ligados a esse assunto e coloquem ele em prática, não só que falem, mas que pratiquem em seus restaurantes, dentro do lugar que eles dão aula”, reforça Rosa.

Entre os produtos que serão apresentados pelos restaurantes e durante as aulas-show até o próximo dia 21, quando o festival é encerrado, está o curuca, um pequeno camarão encontrado na região de Taboquinhas, próximo à Itacaré.

“Estamos trabalhando muito com os restaurantes para que eles valorizem, porque é um trabalho muito árduo para pescar curuca, que é consumido pelas famílias aqui da zona rural, as famílias antigas daqui”, explica. Outros produtos em destaque nos pratos e aulas são a banana, que sempre teve destaque na produção agrária do município, além do cacau, produto símbolo da região. De acordo com Rosa, um dos objetivos também é tornar as comunidades quilombolas do entorno – são cinco registradas e três em processo de reconhecimento – fornecedoras dos restaurantes da cidade, alimentando a cadeia produtiva. “As comunidades quilombolas precisam de uma fonte de renda para que os jovens dessas comunidades não saiam, não migrem para as cidades e procurem manter aquela cultura. Eles trabalham bastante com a agricultura familiar, mas para alavancar isso, eles precisam desse suporte”, aponta. Para a chef, a dificuldade dos restaurantes em adotar os pequenos produtores como parceiros é uma “cultura de que tudo que vem de fora é melhor”. “Essa é uma luta que tem sido travada, e, graças a Deus, muitos chefs hoje estão mudando totalmente este conceito, procurando valorizar nossa gastronomia. Outro ponto que o pessoal reclama é a falta de padronização, porque um produto que é feito em larga escala, ele vem todo no mesmo padrão. O produto da agricultura familiar tem um padrão diferente. O que a gente precisa entender: a natureza não tem um padrão. Você não vai encontrar duas rosas iguais, duas margaridas iguais, duas amoras iguais. Precisamos respeitar e entender que essa comida é mais saudável, é melhor para o cliente e ajuda a dar o sustento às nossas famílias".




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